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quinta-feira, 29 de maio de 2014

XIII ENCONTRO VERDE DAS AMÉRICAS

Nos dias 27 e 28 de maio de 2014 foi realizado o XIII Encontro Verde das Américas (Greenmeeting of the Americas) com o tema central "Água".

Foi uma mistura de experiências boas e ruins que ocorreram nesses dois dias de eventos. O primeiro de tudo foi a DES-organização do evento que começou com duas horas de atraso e não apresentou nem metade dos palestrantes do primeiro dia. Impossibilitados de chegarem ao evento pela forte neblina, os palestrantes nada perderam para o nível de organização de um evento internacional.

Os palestrantes que já se encontravam no local tiveram que lidar com um único cidadão que passava as apresentações de slide e filmava o evento simultaneamente, gerando um enorme desconforto para os apresentadores e para os ouvintes.

O primeiro palestrante foi o representante do MMA, Renato Rolemberg, que falou sobre os serviços ambientais. Sua palestra foi bem interessante e defendia sobre o pagamento do serviço que o meio ambiente prestava, na forma de matéria prima, geração de energia, etc, pelos usuários dos recursos para que haja uma maior conscientização sobre a quantidade utilizada durante o preparo ou usufruto de algum tipo de matéria cedida pelo ambiente.

A segunda palestra foi do embaixador do México falando sobre a utilização da água e a geração de energia no México. Apesar da pouca experiência com português, o embaixador fez uma apresentação sobre os desafios energéticos sustentáveis no país tendo como maior obstáculo a variação climática. Com 14% da energia sendo produzida por hidrelétricas, o México tem muitos problemas relacionados a forte seca durante um período do ano e neve e furacões em outro período dificultando a captação de energias renováveis no pais.

Houve no intervalo entre as palestras a entrega anual do prêmio verde das Américas para o embaixador da Dinamarca pelos seus serviços prestados. Não estou desmerecendo o embaixador, porém se o encontro é das Américas, porque um embaixador da Dinamarca ganha o prêmio? Não foi só ele de figura européia, teve palestrantes da Noruega e de países do Oriente Médio.

No segundo dia de palestra foi bem mais interessante, a organização do evento conseguiu se esforçar para começar com 30 minutos de atraso e com defasagem de palestrantes novamente.

A primeira palestra do dia foi de Patrícia Fontinatti, representante do município de Campos (RJ), falando sobre o projeto Farol/Barra do Furado. Esse projeto tem como objetivo recuperar o dano ambiental da Lagoa Feia pela colocação de moles (barreiras de pedras) que causou problemas nas praias de Campos e Quissamã. O projeto visa uma super construção e recuperação das áreas degradadas instalando ainda um grande porto comercial para atender os municípios próximos a Bacia de Campos. Foi uma apresentação impressionante, porém tenho a impressão que essa área só começou a ser recuperada pela criação dos portos no local.

A palestra seguinte foi de um representante da embaixada de Israel falando sobre a sustentabilidade energética no país. Foi uma apresentação muito instrutiva mostrando que mesmo com recursos naturais escassos, Israel está conseguindo se manter energeticamente pela energia solar, já que lá faz 324 dias de sol por ano. Com novas tecnologias de painéis solares eles conseguem converter até 72% da energia solar em energia elétrica contra 10% de conversão dos painéis usuais. Quem tiver interesse nos detalhes sugiro que entre em contato com a embaixada de Israel. Vale a pena!

A seguinte palestra foi de um representante do governo da Turquia, que mostrou a situação energética do país. As mudanças climáticas dificultam bastante a obtenção de energia por meios renováveis. Como o país é escasso de água, eles preveem uma crise até 2020 do recurso, além de importar 70% da energia e 90% do petróleo utilizado no país. Os desafios na Turquia são grandes e eles estão investindo em novas tecnologias para reverter a situação.

No Chile a situação segue similar, após o corte do gás natural feito pela argentina, o governo importa o gás da Indonésia e de Trindad elevando em 20% a conta da população tendo apagões diariamente em diversas regiões do país.

Na parte da tarde foi realizada a palestra sobre a sustentabilidade da Noruega por sua embaixadora. Apesar de ser um país pequeno e não fazer parte da União Européia, a Noruega consegue gerar 60% de energia hidrelétrica por conta de sua geografia. Um dos desafio do país é reduzir o consumo de petróleo como fonte de energia até 2020.

Em seguida o Subsecretário do Meio Ambiente do DF falou sobre os desafio da Política Nacional de Resíduos Sólido no DF e a coleta seletiva. Estão programados a criação de 4 aterros ( de Samambaia e mais 3 em consórcio com municípios do entorno) além de 12 pontos de coleta seletiva por todo Distrito Federal.

Houve também a palestra da professora Mercedes Bustamante da UnB sobre a mitigação de gases de efeito estufa em florestas e áreas para usos diversos do solo. A mitigação é a redução ou sequestro dos gases de efeito estufa e vem sendo trabalhado pelo grupo de trabalho 3 do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) que apesar dos esforços não consegue conter o crescimento das emissões. Porém existem projetos junto com agricultores que ajudam na captura do carbono através da plantação.

E para finalizar, houve a palestra do patrocinador do evento, a CAIXA, que teve que mostra, em uma apresentação bem chata e com diversas falhas, como a empresa é sustentável. Em um dos projetos apresentado pelo representante mostra o incentivo a florestas de plantio de eucalipto que depois foi questionado "indiretamente" pela professora Mercedes do porque as florestas nativas não são valorizadas pelas instituições bancárias deixando o representante numa situação um tanto desconfortável.

Apesar da péssima organização do evento, as experiências trocadas foram bastante interessantes mostrando que o mundo em geral está se preocupando com o meio ambiente para manter sua sobrevivência. A entrega da carta verde está prevista para o dia 5 de julho e será comentada no blog após sua publicação.

Deixo uma colocação da professora Bustamante sobre a politica ambiental: " O Brasil tem um lado esquizofrênico que olha a agricultura com uma politica e o meio ambiente com outra, se esquecendo de que ambos utilizam-se do mesmo recurso para se manter, a Terra".